quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Steve Jobs

Qual a sensação de ler sobre alguém que inventou participou do processo de criação dos aparelhos tecnológicos mais avançados do planeta? Ler a biografia de Steve Jobs, escrita por Walter Isaacson, é quase tão "viciante" quanto usar o Macbook, Ipod, Iphone e o Ipad que são só alguns exemplos de como a Apple tornou-se a empresa mais valiosa do mundo na Bolsa de Nova York. Tudo começou com um menino um pouco arrogante, que fazia dietas estranhas, como alimentar-se só de frutas por dias, que interessava-se por computadores desde a adolescência, e brilhantemente uniu a vontade de mudar o mundo com a ideia de fazer produtos inovadores.
Steve Paul Jobs foi adotado por uma família de classe média americana. Ele frenquentou por algum tempo uma das faculdades mais caras da Califórnia, Reeds College, e desistiu antes de concluir o curso. Achava que trabalhando nos seus próprios projetos iria mais longe. Para sua sorte, e dos fãs da Apple, sua intuição estava certa.
Juntamente com o amigo Wozniack, um nerd da engenharia, Jobs fundou a Apple em 1976 e começou com a produção do computador Apple I e mais tarde o II. O inovador nisso tudo, foi a ideia de criar um Software que somente usuários da Apple pudessem usar. Uma jogada ousada, quase como um tiro no escuro, impedir que outros fabricantes de computadores pudessem usar o mesmo software. Mesmo com gigantes como a Microsoft criando programas para outras empresas, Jobs manteve-se firme e forte na decisão que alguns anos depois diferenciaria a Apple de qualquer outra empresa no mercado.
 Menos de 10 anos após fundar a Apple, Jobs anunciou sua saída da empresa. O motivo principal é que ele e o presidente , Sculley, estavam tendo sérios problemas quanto a extravagância de Jobs e a obsessão ao desing e estética dos produtos. O conselho, cansado da arrogância de Steve, apoiou Sculley. Para espanto de todos, Jobs pediu demissão do empreendimento que criou. Depois de sua saída, ele fundou uma outra empresa de computadores, a NeXT, que não obteve sucesso. Em 1997, o fundador voltou à Apple e comprou a NeXT.
A ideia da Apple migrar para a indústria da música veio de Jobs que sabia o crescimento do mercado nesse ramo. O slogan logo chamou atenção dos aficcionados por canções: "mil músicas em seu bolso".
Jobs era detalhista e por vezes insuportavelmente apegado ao design de todas as peças de seus produtos. Ele dizia que mesmo os parafusos de dentro dos iPods deveriam ser bonitos, caso algum engenheiro fosse abrir para vê-los. Outro elemento fundamental para a perfeição de seus produtos foi a integração do software com o hardware.
Depois da febre mundial que os iPods causaram, havia chegado a hora de a Apple investir no mercado das telefonias. A ideia de criar um telefone em que as pessoas não precisassem de teclado físico e pudessem fazer tudo com o sistema multitoques assustou os engenheiros num primeiro momento, mas graças ao insistente Steve Jobs, tudo foi feito exatamente como ele planejava.
A Apple é a grande inventora de produtos tecnológicos que inspirou e ainda motiva outras empresas. Jobs conseguiu cumprir seu objetivo: mudar o mundo da tecnologia. Mostrou que design tem que estar diretamente relacionado com engenharia e que é preciso inventar, criar para então colocar a venda algo que os consumidores nem sabem que existem, mas ao verem a novidade passam a desejá-la ferozmente. Jobs sempre deixou claro que nunca quis ficar muito rico, mas sim fazer grandes produtos. Tanto é verdade que durante anos que trabalhou na Apple, seu salário era de um dólar anualmente.
O biógrafo de Jobs relata episódios de sua família, como ele podia ser frio e atencioso ao mesmo tempo com a esposa Laurene Powell e os três filhos.  O homem que não se ofendia com palavras maldosas, e por isso falava o que bem entendia para os outros, passou a ser obrigado a aceitar uma realidade difícil e por vezes muito triste. A descoberta de um tipo raro de câncer no pâncreas fez com que  evitasse o assunto perante a imprensa e até aos amigos mais chegados. Jobs teve o apoio da família e, principalmente, da esposa que acompanhou cada detalhe médico dos procedimentos com o marido.  
A criação do iPad 2 e o lançamento do iPhone 4 foram as últimas apresentações que Jobs fez de seus produtos ao público. Ele teve a ideia de criar um iBook ainda na década de 80, quando ninguém pensava no assunto.
Foi assim que seu sistema, e seus produtos, foram imitados pelas grandes empresas de tecnologia de ponta. Quando o Google apresentou o sistema Android, Jobs tomado por um raiva descomunal entrou com um processo contra a empresa que dizia assim: "Google, porra, você roubou o iPhone, nos roubou ele todo. Um roubo enorme. Vou gastar até meu último suspiro em vida se precisar, e vou gastar até o último centavo dos 40 bilhões da Apple no banco, para reparar esse crime. Vou destruir o Android, porque é um produto roubado. Estou disposto a entrar numa guerra nuclear por causa disso(...). " Mais um exemplo de como ele não tinha papas na língua quando se tratava da Apple.
Uma excelente biografia que revela o lado mais íntimo do homem que vai ser lembrado daqui muitos anos, como um dos grandes gênios do século XX. Jobs não entendia muito de tecnologia, mas sabia como vender um produto. Sabia também como roubar as ideias dos engenheiros e fingir que eram dele mesmo. Um homem que fez história na Apple e na Pixar, empresa criada por ele que mais tarde juntou-se a Disney. Um especialista em criar grandes empresas e grandes produtos.

''Ele era inteligente? Não, pelo menos não excepcionalmente. Em compensação, era um gênio. Seus altos de imaginação eram instintivos, inesperados e às vezes mágicos. Era, na verdade, um exemplo do que o matemático Mark Kac chamou de gênio-mago, alguém cujos insights vêm do nada e exigem mais intuição do que mero poder de processamento mental. Como um desbravador, podia absorver informações, farejar os ventos e sentir o que vinha pela frente.''

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