sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Montreal - a cidade ideal para viver

Se eu tivesse que escolher um lugar fora do Brasil para viver, sem dúvida, seria Montreal. A cidade tem um tamanho ideal e tem tudo que uma metrópole oferece. Há teatros, cinemas, restaurantes, lojas, programação cultural imensa durante o ano além de museus para todos os gostos. A vida em Montreal é muito tranquila. A cidade tem 1,6 milhões de habitantes (censo de 2011). Gosto de comparar o tamanho dela com o de Porto Alegre, que tem 1,4 milhões de moradores.

Em 2013, Montreal registrou 27 homicídios, enquanto Porto Alegre e região metropolitana, 731 (dados até setembro/2013). O Jornal Metro de Montreal publicou que em 2013 foram contabilizados 68 homicídios em todo o Québec. No Rio Grande do Sul, somente no primeiro semestre de 2013, foram 980 homicídios, e, no mesmo período em 2014, 1.169. A população do Québec é de 8,1 milhão de habitantes e a do RS de 11,1 milhão. No Canadá inteiro (35 milhões de habitantes) foram 505 homicídios em todo o ano de 2013. A taxa de homicídio é de 1,44 a cada 100 mil habitantes. Quer saber a do Brasil? 20,4 vítimas para cada 100 mil habitantes. A taxa diminui a cada ano no Canadá, e no Brasil ela aumenta. É triste, mas é a verdade. Depois de analisar esses dados dá para entender porque nos sentimos muito mais seguros aqui.

Andar pelas ruas sem medo, pegar ônibus/metrô tarde da noite sem receio não tem preço. É claro que sinto saudades do Brasil, mas quando penso na segurança que tenho aqui, confesso que essa saudade passa logo. Não só por esse aspecto, mas pelas facilidades de Montreal. O transporte público funciona. É rápido, seguro e o preço é bom. O custo de vida do Québec é o mais barato de todo Canadá. Alugar um apartamento saí em média $ 600 a $ 800 por mês. Os residentes não pagam por saúde, tudo é gratuito e de qualidade. A faculdade saí em média $ 3 mil dólares por semestre. 
O governo encoraja os casais a terem filhos. Cada criança recebe $ 600 dólares por mês. 
Por essas facilidades e incentivos é que muitos casais pensam em imigrar para o Canadá, especialmente para o Québec. O que, muitas vezes, é um empecilho para as pessoas virem morar aqui, é a língua. Diferente de outras regiões do Canadá, o Québec exige a língua francesa dos futuros residentes. Existem vários programas de imigração e inclusive blogs que falam sobre isso. Eu indico esse: http://vieaucanada.tumblr.com/

Um outro ponto positivo são as pessoas. É claro que os brasileiros são os mais animados e felizes (pelo menos aparentemente), mas os canadenses tem uma característica exemplar: eles cuidam da própria vida. Eles não estão nem aí se o seu tênis está furado, se a camisa está suja, se a sua roupa/celular/bolsa não é de uma marca cara. Eles não ligam para o que você tem, mas, sim, para o que você é. Os canadenses não acham que um carro é sinal de status. Eles realmente não ligam se você pega ônibus/metro para trabalhar. Algumas pessoas me perguntaram porque os brasileiros são tão obcecados com beleza. A resposta, pelo menos para mim, é uma só: no Brasil a aparência abre portas. É claro que as competências contam, mas as aparências são, muitas vezes, determinantes para conseguir um trabalho. Aqui no Canadá isso não faz a menor diferença. Na hora de preencher um currículo você não deve colocar a idade, o estado civil e a foto. Isso porque todos esses itens são considerados irrelevantes na hora de contratar alguém. O Canadá não quer saber se você tem 50 anos, têm três filhos e não tem uma boa aparência. Se você tem um bom currículo e estudou, o emprego é seu. É um país livre de preconceitos e com muitas oportunidades.

É claro que não dá para pensar que tudo é uma maravilha (na verdade, quase tudo é!). Tem um fator negativo na história da cidade que é o clima. Durante a primavera, verão e outono tudo é maravilhoso, mas quando chega o inverno você tem vontade de voltar correndo para o Brasil. Em novembro pegamos temperaturas como -8C com sensação de -15C. O mês de dezembro já começou com -15C e sensação de -25C. É lindo ver a neve caindo e a cidade tomada por tapetes brancos. Mas quando o vento congelante bate no rosto... a única vontade que temos é de ficar em casa. É claro que o país está muito bem preparado para os quase cinco meses de frio. Todos os lugares fechados têm aquecedor. Dentro dos ônibus e do metro é super confortável e aquecido, dá para ficar só de camiseta. Todas as casas tem calefação. Não tem essa de sair do banho e congelar de frio. 
Vamos embora no fim de dezembro e tenho certeza que vamos ver ainda muita neve rolar, mas mesmo assim, não vamos ter o (des)prazer de sentir temperaturas como -30C que acontecem em janeiro e fevereiro. Pelo menos, é o que eu espero!

Neve no início de dezembro em Montreal



domingo, 7 de dezembro de 2014

David Foenkinos

Há pouco tempo virei fã de um autor francês contemporâneo. Confesso que estou realizada lendo todos os clássicos que posso na língua original. Passei um pouco de trabalho lendo Balzac, e uma professora francesa me aconselhou: "Está lendo Balzac? Até para mim é difícil! Acho que você deveria ler autores contemporâneos". E foi então que conheci Foenkinos. O romancista francês de 40 anos estudou letras na Sorbonne (Paris) e teve seus livros traduzidos para 35 línguas. Segundo a revista Le Figaro, ele é um dos cinco autores que mais teve seus livros vendidos em 2011.

Até o momento li dois romances de Foenkinos e com certeza vou atrás dos outros. La Délicatesse foi escrito em 2011 e ganhou dez prêmios de literatura na França. O romance é sobre Nathalie e seu casamento perfeito com François. Um dia, ele saí para correr, é atropelado e morre. O mundo da jovem desaba e ela demora alguns meses para voltar ao trabalho. No retorno, tem que aguentar o chefe que não tem papas na língua e passa a assediá-la. Aos poucos, ela vai se aproximando de outro colega de trabalho, Markus, e aí sim tem vontade de sair com alguém após a morte de seu marido. O que os colegas de trabalho não entendem é como uma mulher bonita, jovem e inteligente está namorando o homem mais feio da empresa. Detalhes que Foenkinos nos faz descobrir através do livro e deixa claro que existem outras belezas pelas quais as mulheres se interessam. A trama é curiosa, e, por vezes, cômica. Existe um filme sobre o livro que tem o mesmo título e é estrelado por Audrey Tautou.

Outro livro que gostei muito foi La Tête de l'emploi. É um ótimo romance para dar boas risadas. A trama é entorno de Bernard, um homem de 50 anos que se separa e perde o emprego. Além disso, Alice, a única filha do casal, vai fazer intercâmbio em São Paulo, no Brasil. "Por que o Brasil? Nós não fazemos estágios no Brasil. É um país onde as mulheres bebem cocktails exibindo os seios. Onde passamos nosso tempo dançando e jogando futebol de pés descalços. É um país para passar as férias!". Infelizmente, a imagem do nosso país é motivo de piada no livro.
Após estar com a vida de cabeça para baixo, Bernard volta a morar na casa de seus pais que o tratam como uma criança no auge dos seus 50 anos. Uma criança que nunca foi amada ou mimada. Foenkinos aborda a falta de amor durante a infância e os erros que Bernard tenta não cometer com a sua própria filha. É um livro interessante, leve e divertido.


quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Conhecendo o Québec - Laurentides e Cantons de l'Est

Quando o outono chega no Canadá a melhor coisa a fazer é pegar o carro ou um ônibus e ir conhecer as desconcertantes regiões do Québec. Nada melhor do que ver as folhas das árvores amarelas e vermelhas. Por vezes achamos que estamos dentro de uma pintura de tão lindas que são as paisagens.

Um dos lugares mais bonitos do Québec é, sem dúvida, Mont-Tremblant. A pequena cidade fica na região Laurentides, à 140 km no noroeste de Montreal. É uma cidade turística e cheia de montanhas. A melhor época para conhecer Mont-Tremblant é durante o outono. A natureza apresenta um verdadeiro espetáculo. Suba as montanhas, conheça, procure lugares escondidos que você vai encontrar as maiores belezas do Québec. Aconselho a conhecer as montanhas da região Laurentides entre a última semana de setembro e a primeira semana de outubro. Faz um pouco de frio, em torno de 10°C, mas a paisagem é deslumbrante. Não fui até lá no inverno, mas ouvi falar que vale a pena também, pois há muitos locais para praticar o ski.

O tempo suficiente para conhecer Mont-Tremblant é de uma tarde. O centro turístico é bem pequeno e dá para percorrê-lo em menos de um dia. Fomos com a empresa chinesa Sinorama. O ônibus saí de Montreal de manhã cedo, passa por Saint-Sauveur (linda!), depois por Sainte-Agathe-des-Monts e pelas 11h chega à Mont-Tremblant. A primeira cidade em que ficamos apenas 40 minutos é apaixonante. Deu vontade de passar o final de semana inteiro lá. Uma cidadezinha pequena e bonitinha que parece de brinquedo. O tour com a Sinorama custou menos de $ 50. Eu aconselho fazê-lo durante o outono. Posso garantir que as paisagens vistas serão incríveis e jamais serão esquecidas.

Cantons de l'Est: Ao sul do Québec fica a região de Cantons de l'Est que faz fronteira com os Estados Unidos. A região é muito bonita e é frequentada pelos canadenses nos finais de semana. Fomos em alguns lugares em que as pessoas ficaram surpresas de saberem que éramos brasileiros, elas explicaram que não é muito comum ver turistas de fora do Canadá por lá.

Se você tem tempo para conhecer o Québec, não deixe de conhecer o Sul. Pegamos um carro e saímos de Montreal na manhã de sábado e em 1h20 de viagem estávamos em Granby. Uma cidade bem pequena e cheia de charme. Depois passamos por Bromont (onde tem o museu do chocolate), Orford (onde fizemos colheita de abóbora) e, por último, chegamos a Magog para dormir. Durante o outono é muito comum as pessoas saírem pelas fazendas em busca de abóboras e maçãs. Nessa época de colheita, qualquer um pode fazê-la. Em Orford fomos na fazenda Citrouilles et Tournesols (Abóboras e Girasóis), e fomos em busca de alguns legumes plantados lá mesmo. Estava chovendo, mas mesmo assim não desistimos. Saímos com um carrinho de mão pela fazenda e fomos juntando abóboras, maçãs, cenouras, cebolas pelo caminho. No final do roteiro, fizemos uma degustação de produtos locais. Cada um paga o que colhe, e o preço é melhor do que o do supermercado.

Após, fomos visitar a vinícola Le Cep D'Argent, perto de Magog. Como estava chovendo, não podemos ver muito a paisagem, mas valeu o passeio só pelo fato de termos tomado um bom vinho canadense!

No outro dia, pela manhã, fomos para Sherbrooke. É a quarta maior cidade do Canadá e tem diversas atividades culturais o ano inteiro. Quando fomos, no início de outubro, estava na época da Feira do Livro.

A região de Sherbrooke é cercada por montanhas, rios e lagos. O legal é passear pelas ruelas e descobrir os pequenos cafés (e croissants, claro!) da cidade. De Sherbrooke para Montreal são aproximadamente 160 km. Na volta para Montreal não deixe de parar em algum dos outlets pelo meio do caminho, ótimas opções de compras.
Saint-Sauveur
Sainte-Agathe-des-Monts

Mont-Tremblant 
No teleférico de Mont-Tremblant


Vista do alto de Mont-Tremblant 
Centro turístico de Mont-Tremblant
Algum lugar em uma estrada do Québec 
Na região de Cantons de l'Est 
Lindas paisagens durante o outono no Québec...
Magog


quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Basílica Notre-Dame e Oratório Saint-Joseph em Montreal

Basílica Notre-Dame é o nome da principal Basílica de Montreal e leva o nome da mais famosa Instituição religiosa de Paris. A Basílica, do Canadá, foi fundada em 1642 pelos jesuítas. Em 1683 a Igreja foi reformada em estilo barroco, mas somente em 1800 que a Basílica tomou forma tal qual a conhecemos. O arquiteto de origem irlandesa, James O'Donnell, optou por um estilo neogótico, que no século 19 era muito popular na Europa e nos Estados Unidos. Dessa maneira, Notre-Dame tornou-se a primeira Igreja neogótica do Canadá.

A capela do Sacré-Coeur (anexada a Basílica em 1891), conhecida como a capela dos casamentos, foi atingida por um incêndio em 1978 e em 1980 foi totalmente reconstruída.

A Basílica é o centro de muitos eventos religiosos e culturais. Os primeiros ministros Georges Étienne Cartier e Pierre-Elliot Trudeau foram velados na Notre-Dame. O papa João Paulo II realizou uma missa no local em 1984. A Igreja também foi palco do casamento de Celine Dion em 1994. Para quem não sabe, a célebre cantora é do Québec.
As três estátuas na frente da Basílica representam Montreal (a Virgem Maria), o Québec (São João Batista) e o Canadá (São José). Centenas de casamentos e cerca de 120 batismos são realizados todos os anos na Notre-Dame. Em média, 2.500 pessoas visitam a Basílica todos os dias.
A Igreja fica na rua Notre-Dame perto do Old Port. Para entrar durante a semana é necessário pagar $ 5. Nos horários de missa é gratuito.

Oratoire Saint-Joseph: Um dos cartões postais da cidade e um dos lugares obrigatórios para visitar em Montreal, é o Oratoire Saint-Joseph. A maior igreja do Canadá fica ao lado do Parque Mount-Royal. A construção começou em 1924 e foi finalizada em 1967. A cúpula da Igreja é a segunda maior desse tipo no mundo, ficando atrás somente da Basílica de São Pedro no Vaticano, em Roma.
Mais de dois milhões de pessoas visitam o Oratório todos os anos. A entrada é gratuita. Para visitar o museu é preciso pagar $ 3.
Notre-Dame em Montreal
Dentro da Basílica

Capela do Sacré-Coeur 
Oratoire Saint-Joseph

domingo, 16 de novembro de 2014

Museu de Belas Artes e McCord em Montreal

Museu de Belas Artes: Quem aprecia a boa arte não pode perder a oportunidade de visitar o Musée des Beaux-Arts Montréal. O complexo interliga quatro museus por baixo da terra. Um dos prédios expõe, permanentemente, objetos da arqueologia mediterrânea, arte das américas, da Ásia, da África e referente ao islamismo. São mais de nove mil objetos expostos.
A coleção internacional é incrível e foi a que mais gostei. São 1.400 obras de arte internacionais em quatro andares do museu. Quadros e esculturas de artistas como Francisco Goya, Rembrandt, Thomas Gainsborough podem ser vistas. A história da arte é contada da Idade Média até a metade do século XIX.
Na ala do impressionismo, podemos ver quadros de Paul Cézanne, Salvador Dalí, Joan Miró, Claude Monet, Pablo Picasso e Auguste Rodin.

O Museu de Arte Canadense e Québécois (dentro do complexo do Museu de Belas Artes) expõe objetos da cultura Inuit. Um outro pavilhão de arte decorativa e design está interligado. Vale a pena visitar todas as áreas, mas se você não tiver muito tempo, visite somente a área internacional.
Como estamos aqui há alguns meses, já fomos três vezes ao museu. Sempre falta alguma coisa para ver. É muito grande e sempre tem uma surpresa reservada que vale o retorno. O ingresso custa $ 20 e dá acesso aos quatro museus, mas vai uma dica valiosa: todo último domingo do mês, a entrada é gratuita.

McCord: O museu que conta a história de Montreal, do Québec e do Canadá foi inaugurado em 1921 por um colecionador apaixonado, David Ross McCord. David começou a juntar objetos históricos e importantes para a história de Montreal até reuni-los em museu. O prédio pertence a famosa Universidade McGill e é localizado bem em frente à Instituição. São milhares de objetos, fotos e manuscritos contam a história de Montreal, do Québec e do Canadá. O museu não é tão grande. Duas horas são suficientes para visitá-lo. O ingresso custa $ 14 e, para estudante, $ 9. Outra boa dica: todas as quartas depois das 17h, a entrada é gratuita.

Museu de Belas Artes 
Monet
Arte Inuit
McCord Museu

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Pointe-à-Callière, Marguerite Bourgeoys e La Ronde em Montreal

Há pouco tempo descobri um dos museus mais interessantes de Montreal. Ele é um dos mais importantes da cidade, afinal foi naquele local que Maisonneuve fundou Ville-Marie (Montreal) em 1642.

Pointe-à-Callière: O Museu de Arqueologia e História de Montreal fica próximo do Old Port, bem no centro de várias atrações turísticas. Logo na entrada, em uma sala enorme, o visitante assiste a um filme em 3D sobre a história da cidade que já foi capital do país. Após, podemos ver, no subsolo, objetos e fatos históricos importantes na construção de Montreal. Detalhe: tudo em meio a ruínas originais.

O museu recebe esse nome em homenagem ao terceiro governador da cidade, em 1688, Chevalier Louis Hector de Callière. A maior autoridade do local na época, construiu uma casa no mesmo lugar em que Montreal foi fundada. O centro histórico foi inaugurado em 1992 para comemorar o aniversário de 350 anos da metrópole.

A exibição permanente conta seis séculos de história de Montreal. Os visitantes aprendem história sobre os povos aborígenes que aqui viviam. O primeiro cemitério católico do país (entre 1643-1654) existiu, provavelmente, no local do museu.

Quando visitei o Ponte-à-Callière, em setembro de 2014, pude ver também uma exposição temporária sobre Marco Polo. O explorador nascido na República de Veneza do século XIII (fim da Idade Média) viajou de Veneza até a China e pelo caminho foi descobrindo culturas, religiões, comidas e pessoas diferentes. O livro escrito por Marco Polo sobre sua grande aventura influenciou Cristóvão Colombo a descobrir uma nova rota até a Índia e finalmente chegar na América, em 1492. A exposição é linda porque traz objetos da época do explorador e dos locais pelos quais passou. Nos corredores foi possível ler trechos do livro - As viagens de Marco Polo. Os ingressos custam $ 20 para adulto e, $ 12, para estudante.

Museu Marguerite Bourgeoys: Marguerite foi provavelmente uma das personalidades femininas mais importantes na história de Montreal. Ela veio da França para a Nova Colônia em 1653 e fundou a primeira escola da cidade. A francesa ensinava crianças a escreverem, a lerem e a fazerem trabalhos manuais. Com o tempo a escola foi crescendo em razão do número grande de crianças, então Marguerite fundou a comunidade religiosa de Notre-Dame. Com a ajuda das freiras, ela educava as crianças desta nova nação. Marguerite projetou a construção de uma das Igrejas mais bonitas de Montreal, a conhecida Chapelle Notre-Dame-de-Bon-Secours, que fica junto ao museu que leva o seu nome. A religiosa também foi responsável por cuidar, educar e ajudar as Filles du Roy, jovens órfãs enviadas pelo rei para colonizar a "Nova França". O museu registra a história da vida dessa imigrante francesa. No último andar temos uma vista esplendorosa da cidade. Em uma das torres podemos ver todo o porto de Montreal e enxergar a Île Sainte-Hélène logo à frente. Não deixe de visitar a capela, é realmente encantadora. A entrada na Igreja é gratuita, já no o valor é de $ 7 para estudantes até 25 anos e $ 10 para os demais.

La Ronde: O maior parque de diversões do Quebéc fica na Île Sainte-Hélène, em Montreal. Mesmo que você já tenha ido à Disney e à Universal, não descarte essa oportunidade. É um parque Six Flags, e isso quer dizer que tem muiiita adrenalina! O parque funciona de maio até novembro e, nesse ano, fechará dia dois de novembro. Por causa do frio é perigoso abrir o parque no inverno. Se você visitar Montreal nesse período em que o La Ronde funciona, vale a pena passar um dia lá. O parque é grande e muito amusemant (divertido), como diriam os franceses! O ingresso custa $ 47 online e $ 60 se comprar na hora. Esse é o site do parque: http://www.laronde.com/larondefr/tickets.asp

Ponte-à-Callière 
Vista do Museu Marguerite Bourgeoys 
Chapelle Notre-Dame-de-Bon-Secours
La Ronde 








segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Mount-Royal e Jardim Botânico

Montreal é uma cidade colorida com centenas de parques e praças espalhados pela metrópole. Podemos aproveitar esses locais em apenas seis meses do ano (primavera, verão e outono) porque durante o inverno, que ocupa os outros seis, com temperaturas de -20°C é difícil ficar ao ar livre. Escrevo aqui sobre os dois parques mais visitados e mais bonitos, da cidade.

Mount-Royal: Em 1535 o explorador francês Jacques Cartier subiu no ponto mais alto de Montreal e nomeou a montanha como Mount-Royal (em homenagem à realeza francesa). Os mais de 200 hectares de área verde podem ser vistos de vários locais da cidade. O parque foi oficialmente inaugurado em 1860 pelos ingleses.
A maneira mais fácil de chegar lá é descer na estação de metro Mont-Royal (linha laranja), atravessar a rua e pegar o ônibus 11. Na subida até o parque, podemos ver ciclistas passando dificuldades para chegar ao topo que fica a 234m. O primeiro lugar para visitar é o terraço que dá origem a muitos cartões postais da metrópole. A vista é realmente incrível, de lá podemos ver a cidade inteira. Subindo um pouco mais visualizamos a famosa cruz do Mount-Royal. O fundador, Maisonneuve, construiu a cruz na montanha para agradecer a Deus pelo fim das chuvas que alagaram a cidade em 1643. No caminho da cruz podemos ver um outro lado de Montreal e, aí sim, apreciarmos um lindo pôr-do-sol. O parque é enorme e vale uma boa caminhada no final de semana. Não se assuste com os cemitérios ao redor, eles são, inclusive, pontos turísticos e lugares de lazer. As pessoas correm e pedalam dentro dos cemitérios.

Jardim Botânico: O lugar perfeito para visitar no verão. São mais de 22 mil espécies de plantas e 20 jardins temáticos em 75 hectares. É um ótimo local para passar uma manhã inteira ou uma tarde aproveitando a natureza. E não deixe de almoçar na parte aberta do restaurante que fica na entrada do Jardim, é linda e a comida é muito boa. Se você não tiver muito tempo para passear, vá direto ao jardim chinês, na minha opinião, o que mais valeu a pena. A arquitetura das cabanas é tão bem feita que nos deixa a impressão de realmente estarmos no país asiático. Leve uma toalha (ou uma canga) e deite embaixo de alguma árvore do Jardim. Não esqueça de levar um bom livro e uma boa companhia. O ingresso custa $18,75 e $ 14 para estudante. A entrada dá direito ao Insectarium, que é bem atrativo para crianças, pois instiga a adentrar nesse mundo dos insetos que é quase invisível para nós e, também, cheio de surpresas. Existem outras opções de ingressos que você pode adicionar o Biodôme (museu dos ecosistemas) e o Planetário. No site tem mais informações: http://espacepourlavie.ca/

Cartão postal da cidade - vista do Mount-Royal 
Terraço do Mount-Royal 

Cruz do Mount-Royal
Pôr-do-sol do Mount-Royal
Subida ao topo do parque
Restaurante no Jardim Botânico
Almoço no restaurante.. maravilhoso! 
Jardim Botânico

Jardim Chinês no Botânico 


terça-feira, 7 de outubro de 2014

Mergulhando na história do Québec

A primeira coisa que questionei quando cheguei em Québec foi: "Como eles conseguiram conservar o francês nesta parte do Canadá? Como fazem para que a língua não morra?". Para responder a essas perguntas é preciso voltar mais de 500 anos de história. A partir do livro "Brève histoire du Québec" e de algumas aulas que tive sobre Cultura e Sociedade Quebequense posso tentar explicar essas questões.

As expedições para descobrirem novas terras do século XV, feitas por portugueses, ingleses e espanhóis, encorajaram os franceses a fazerem o mesmo. O então rei da França, François I, mandou o explorador, Jacques Cartier, procurar ilhas e países que tivessem ouro. Em 1534, Cartier chegou ao golfo Saint-Laurent, na região de Gaspé (lado Leste do Canadá). O explorador francês não encontrou nada de muito interessante nas terras descobertas, então o rei, que já tinha ouvido falar do sucesso dos vizinhos europeus nas conquistas de terras, enviou exploradores para a Flórida (nos Estados Unidos) e para o Brasil. Mesmo que eles não tenham visto o Canadá como um local de possíveis investimentos, alguns franceses continuaram vindo ao longo dos anos procurando por ouro. Foi quando descobriram um animal que seria importantíssimo para economia da França, o castor. Os franceses viram uma ótima oportunidade de investir no comércio de fourrures, que eram as peles dos animais usadas para roupas e chapéus. Última moda na Europa e necessários durante o inverno, os chapéus feitos de pele de castor movimentaram a economia e motivaram a colonização do Canadá.

A chegada dos franceses foi determinante para outro povo que habitava a região há mais de dez mil anos, os chamados autochtones (aborígenes), que fazem parte da primeira nação do país. Segundo historiadores, os aborígenes vieram pelo Estreito de Bering (ponto de terra entre a Sibéria e o Alasca) no período da glaciação. A primeira nação, que se mantinha da caça, pesca e agricultura, teve que aprender a conviver com os "intrusos". Muitos morreram após serem contaminados com vírus e bactérias que os europeus portavam e isso os deixava mais assustados ainda em relação ao franceses. É certo que após o começo da colonização tiveram muitos conflitos e batalhas, inclusive entre as próprias tribos indígenas. Hoje, os autochtones ainda existem por todo o Canadá, e os mais tradicionais mantêm a cultura de origem. Leis que proíbem a pesca e caça de certos tipos de animais, não se aplicam aos aborígenes, e isso, é claro, gera polêmica entre os canadenses. 

Em 1608 o também explorador francês, Samuel de Champlain, fundou a cidade de Québec (na língua dos autochtones Québec significa "onde os rios se estreitam"). A imigração para o Canadá não era muito atraente pelos europeus principalmente por causa do clima. O inverno no Quebec é mais rigoroso do que na França. Por isso, Cartier trouxe prisioneiros para colonizar as novas terras. Assim como na Austrália e no Brasil, os primeiros habitantes europeus na região, eram prisioneiros.

Em 1643 Paul Chomeday de Maisonneuve fundou a cidade de Montreal, que era chamada de Hochelaga (que significa "nós passamos o inverno aqui") pelos aborígenes. Em 1700, a França atingiu seu apogeu na América. O país dominava todo golfo Saint-Laurent e começou a tomar conta do estado da Louisiane, nos Estados Unidos. O problema é que em 1663 o Canadá tinha três mil habitantes, e os Estados Unidos, 80 mil. Por essa razão, o rei da França, Louis XIV (ele assumiu o trono em 1660), enviou mulheres órfãs e pobres para o Canadá com o objetivo de formar novas famílias. Essas moças ficaram conhecidas como Filles du Roy (filhas do rei). Na época, existia uma mulher para cada 14 homens no novo país. Com a chegadas das enviadas pelo rei, os homens tinham até 15 dias para achar uma esposa, caso contrário, perdiam o direito à caça.

Em 1702 foi feito o tratado denominado "A grande paz de Montreal" que foi assinado (em forma de desenho) pelos aborígenes e pelos franceses. Neste tratado estava esclarecido que os europeus detinham o controle do comércio da pele dos castores. Tudo ia bem até que em 1763 os ingleses dominaram o Canadá. A famosa batalha "La Conquête" (a conquista) foi iniciada pelos ingleses que queriam dominar todo continente norte-americano. Com 20 mil soldados contra 7 mil franceses, a Inglaterra conquistou o Canadá. Novamente, por causa do clima, da população e das leis francesas, o país não atraía a imigração dos britânicos. A população do Canadá foi obrigada a abandonar a língua francesa e a religião católica. A Coroa Britânica impôs a língua inglesa e a religião protestante. Após alguns combates e revoltas da população, em 1774 foi criada uma constituição que admitia que os franceses mantivessem a língua materna, a religião católica e as leis francesas.

Em 1791 foi criada uma lei que dividia o Canadá em dois países: Baixo Canadá (região do Quebec) e Alto Canada (região de Ontario). Dois países com diferentes etnias, línguas e religiões. Foi em 1840 que as duas regiões se uniram em um só país. A língua inglesa era a oficial, mas oito anos depois a Coroa Britânica reconheceu o francês como idioma dos quebequenses.

Somente em 1867 que o Canadá conseguiu a independência do Reino Unido. A partir daí, os francophone (pessoas que falam francês) começam a querer cada vez mais preservar a língua no Québec. Em 1960 aconteceu a Revolução Tranquila (evento decisivo para a história do Québec). O estado torna-se laico (Governo e Igreja agem separadamente), foi criado um Ministério da Saúde e da Educação, foram feitas reformas políticas profundas e a prática religiosa diminuiu. Nessa época surgiu o sentimento de souverainisme (desejo de tornar-se independente). Em 1980 e 1995 foram feitos dois referendos para a separação do Québec, do Canadá. No primeiro, 40% da população votou pela independência e 60%, não. No segundo (e último), 49,6% optaram pelo sim e 50,4%, pelo não. 

A independência do Québec é um assunto ainda muito discutido pelos canadenses e tem muitas particularidades para serem analisadas. Conto mais sobre essa polêmica em outro post! Espero que tenham apreciado um pouco da história do Canadá. 


segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Jogo de hockey em Montreal

É claro que eu não poderia perder a oportunidade de assistir a um jogo de hockey em Montreal. O esporte é a grande paixão nacional dos canadenses. Um dia perguntei a um québécois qual era o esporte preferido dele, e ele me respondeu "qualquer um que possamos praticar em um lugar fechado, por exemplo, o hockey". É totalmente compreensível essa reposta se levarmos em consideração que os canadenses têm aproximadamente seis meses de inverno. 

Ninguém sabe quando e onde o esporte foi criado, mas existem fortes indícios de que tenha sido no Canadá. Segundo arquivos do Museu da Civilização Canadense, em Ottawa, existe um registro de um jornal de 1825 sobre um homem praticando hockey no gelo. O primeiro jogo oficial do esporte no mundo foi em 1875, em Montreal. Em 1917 foi criada a liga nacional de hockey, a famosa NHL (National Hockey League). Desde 1952 os canadenses já acompanhavam o esporte pela televisão. 

Fui a um jogo do Canadiens contra o Colorado Avalanche (time dos EUA). Foi uma experiência incrível. O jogo aconteceu no Centre Bell em Montreal, o local é um famoso centro de eventos que também recebe shows durante o ano. O lugar é enorme e com uma segurança igual a que tivemos nos estádios durante a Copa do Mundo no Brasil. Os guardas realmente vasculham tudo que você leva para dentro do estádio e impedem a entrada com mochila ou com bolsa grande. Mas para os desavisados, como eu e meu namorado, existe um lugar no subsolo onde pudemos guardar as mochilas. Não nos deixaram  entrar com uma câmera fotográfica profissional, só é permitido portar as pequenas (cyber-shot) ou iphone. A NHL dura sete meses, começa agora em outubro e termina em abril. O jogo que fomos foi da pré-temporada, e a adrenalina dos torcedores já estava a mil. 

Achei mais fácil de entender as regras do jogo do que na partida de baseball que assistimos em Toronto. É certo que é um dos esportes mais violentos do mundo, se não o mais. Por isso, os jogadores usam equipamentos de proteção pesados. Eles se batem mesmo, e sobra socos e ponta pés até para os juízes. O que confunde um pouco é que eles trocam de posição o tempo inteiro, são somente cinco jogadores na linha e eles revezam muitas vezes com os que estão no banco. O hockey é um dos únicos esportes que permite a troca de jogadores ilimitada enquanto a partida está em progresso. 

Um dos fatos que mais me chamou atenção no estádio, foi que todo mundo comia enquanto assistia ao jogo. Era quase uma obsessão por comida. E os lanches no estádio não eram baratos. Fiquei impressionada com esse hábito dos canadenses. Quando ia para o intevalo, eles formavam longas filas para comprar mais comida. Batata frita, hambúrgueres, nachos, pipoca... por todos os lados! Um saco de pipoca custa cerca de $ 7 e uma cerveja, pasmem, $ 11. 

A partida é longa, são três tempos de 20 minutos com intervalos entre eles de 20 minutos. O tempo só é cronometrado quando o disco está em campo, por isso ele para diversas vezes e o jogo torna-se extenso. Quem quer assistir a uma partida pode comprar o ingresso pelo site do Centre Bell - http://www.centrebell.ca/en/ . O ingresso mais barato de um jogo da pré-temporada é de $ 60, e da liga, por volta de $ 120. 

Center Bell


domingo, 28 de setembro de 2014

Poutine no Quebec

Montreal é uma cidade repleta de imigrantes, por isso encontramos pratos típicos de quase todos os países por aqui. Restaurantes franceses, gregos, chineses, koreanos, italianos, brasileiros, turcos, libaneses... são fáceis de serem encontrados. É claro que o fast-food americano está presente, porque afinal eles estão pelo mundo inteiro. Aqui, as principais refeições são o café da manhã e a janta. No almoço um sanduíche, um wrap ou uma salada são suficientes. Semelhante ao Brasil, o horário de almoço é curto e ninguém tem tempo de ir para casa almoçar. Por isso os québécois deixam para fazerem os pratos mais elaborados à noite, e não ache estranho se te convidarem para jantar às 18h. 

A comida do Quebec tem forte influência francesa e americana, porém é bem apimentada. O prato típico da região chama-se Poutine. São batatas fritas com queijo e um molho especial (que ninguém revela). É uma comida gordurosa e, na maioria das vezes, apimentada.


A paixão dos québécois pelo poutine é tão grande que fez grandes redes de fast-food como McDonalds e KFC adotarem o prato no cardápio na região do Quebec. Em outras cidades do Canadá também é possível encontrar o poutine, que é muito bem aceito pelos canadenses.


A origem da refeição e quem a criou é controversa, mas sabe-se que o poutine foi inventado em 1950. Muitos restaurantes em Montreal servem o prato mais pedido pelos moradores e turistas. Eu jantei em dois dos lugares mais populares de poutine e aqui vai a minha opinião.

Poutineville: O próprio nome já diz: Cidade do Poutine. Mil e uma opções para comer as batatas fritas de uma maneira mais saborosa. Pode ser com molho vegetariano, com carne, com frango, com legumes, de qualquer maneira. O que mais gostei é que podemos escolher exatamente o que queremos junto com o poutine. É a famosa maneira "monte seu prato como quiser". O preço é bom, cada prato custa, em média, $ 12. O restaurante está em dois endereços em Montreal: 1348 Beaubien Est e 1365 Ontario Est. 

La Banquise: Com certeza um dos lugares mais populares da cidade. O La Banquise sempre tem fila e fica aberto 24h. Há várias opções de poutine no cardápio, dessa vez optamos pela porção menor. Já aviso aos viajantes que a porção pequena é suficiente para as mulheres que comem moderadamente, caso contrário, deve pedir a maior. O preço é o mesmo da Poutineville. No cardápio tem hambúrgueres e saladas, mas é claro que você não pode sair de lá sem experimentar o prato mais pedido! Se a fila estiver muito grande, você pode optar por pegar a encomenda e comer em casa. Muita gente faz isso, e o serviço é bem rápido. 

Abaixo algumas fotos do poutine. 

Poutineville


La banquise
Poutine "La Rachel" no La banquise (esse é o pequeno..) 


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