sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Montreal - a cidade ideal para viver

Se eu tivesse que escolher um lugar fora do Brasil para viver, sem dúvida, seria Montreal. A cidade tem um tamanho ideal e tem tudo que uma metrópole oferece. Há teatros, cinemas, restaurantes, lojas, programação cultural imensa durante o ano além de museus para todos os gostos. A vida em Montreal é muito tranquila. A cidade tem 1,6 milhões de habitantes (censo de 2011). Gosto de comparar o tamanho dela com o de Porto Alegre, que tem 1,4 milhões de moradores.

Em 2013, Montreal registrou 27 homicídios, enquanto Porto Alegre e região metropolitana, 731 (dados até setembro/2013). O Jornal Metro de Montreal publicou que em 2013 foram contabilizados 68 homicídios em todo o Québec. No Rio Grande do Sul, somente no primeiro semestre de 2013, foram 980 homicídios, e, no mesmo período em 2014, 1.169. A população do Québec é de 8,1 milhão de habitantes e a do RS de 11,1 milhão. No Canadá inteiro (35 milhões de habitantes) foram 505 homicídios em todo o ano de 2013. A taxa de homicídio é de 1,44 a cada 100 mil habitantes. Quer saber a do Brasil? 20,4 vítimas para cada 100 mil habitantes. A taxa diminui a cada ano no Canadá, e no Brasil ela aumenta. É triste, mas é a verdade. Depois de analisar esses dados dá para entender porque nos sentimos muito mais seguros aqui.

Andar pelas ruas sem medo, pegar ônibus/metrô tarde da noite sem receio não tem preço. É claro que sinto saudades do Brasil, mas quando penso na segurança que tenho aqui, confesso que essa saudade passa logo. Não só por esse aspecto, mas pelas facilidades de Montreal. O transporte público funciona. É rápido, seguro e o preço é bom. O custo de vida do Québec é o mais barato de todo Canadá. Alugar um apartamento saí em média $ 600 a $ 800 por mês. Os residentes não pagam por saúde, tudo é gratuito e de qualidade. A faculdade saí em média $ 3 mil dólares por semestre. 
O governo encoraja os casais a terem filhos. Cada criança recebe $ 600 dólares por mês. 
Por essas facilidades e incentivos é que muitos casais pensam em imigrar para o Canadá, especialmente para o Québec. O que, muitas vezes, é um empecilho para as pessoas virem morar aqui, é a língua. Diferente de outras regiões do Canadá, o Québec exige a língua francesa dos futuros residentes. Existem vários programas de imigração e inclusive blogs que falam sobre isso. Eu indico esse: http://vieaucanada.tumblr.com/

Um outro ponto positivo são as pessoas. É claro que os brasileiros são os mais animados e felizes (pelo menos aparentemente), mas os canadenses tem uma característica exemplar: eles cuidam da própria vida. Eles não estão nem aí se o seu tênis está furado, se a camisa está suja, se a sua roupa/celular/bolsa não é de uma marca cara. Eles não ligam para o que você tem, mas, sim, para o que você é. Os canadenses não acham que um carro é sinal de status. Eles realmente não ligam se você pega ônibus/metro para trabalhar. Algumas pessoas me perguntaram porque os brasileiros são tão obcecados com beleza. A resposta, pelo menos para mim, é uma só: no Brasil a aparência abre portas. É claro que as competências contam, mas as aparências são, muitas vezes, determinantes para conseguir um trabalho. Aqui no Canadá isso não faz a menor diferença. Na hora de preencher um currículo você não deve colocar a idade, o estado civil e a foto. Isso porque todos esses itens são considerados irrelevantes na hora de contratar alguém. O Canadá não quer saber se você tem 50 anos, têm três filhos e não tem uma boa aparência. Se você tem um bom currículo e estudou, o emprego é seu. É um país livre de preconceitos e com muitas oportunidades.

É claro que não dá para pensar que tudo é uma maravilha (na verdade, quase tudo é!). Tem um fator negativo na história da cidade que é o clima. Durante a primavera, verão e outono tudo é maravilhoso, mas quando chega o inverno você tem vontade de voltar correndo para o Brasil. Em novembro pegamos temperaturas como -8C com sensação de -15C. O mês de dezembro já começou com -15C e sensação de -25C. É lindo ver a neve caindo e a cidade tomada por tapetes brancos. Mas quando o vento congelante bate no rosto... a única vontade que temos é de ficar em casa. É claro que o país está muito bem preparado para os quase cinco meses de frio. Todos os lugares fechados têm aquecedor. Dentro dos ônibus e do metro é super confortável e aquecido, dá para ficar só de camiseta. Todas as casas tem calefação. Não tem essa de sair do banho e congelar de frio. 
Vamos embora no fim de dezembro e tenho certeza que vamos ver ainda muita neve rolar, mas mesmo assim, não vamos ter o (des)prazer de sentir temperaturas como -30C que acontecem em janeiro e fevereiro. Pelo menos, é o que eu espero!

Neve no início de dezembro em Montreal



domingo, 7 de dezembro de 2014

David Foenkinos

Há pouco tempo virei fã de um autor francês contemporâneo. Confesso que estou realizada lendo todos os clássicos que posso na língua original. Passei um pouco de trabalho lendo Balzac, e uma professora francesa me aconselhou: "Está lendo Balzac? Até para mim é difícil! Acho que você deveria ler autores contemporâneos". E foi então que conheci Foenkinos. O romancista francês de 40 anos estudou letras na Sorbonne (Paris) e teve seus livros traduzidos para 35 línguas. Segundo a revista Le Figaro, ele é um dos cinco autores que mais teve seus livros vendidos em 2011.

Até o momento li dois romances de Foenkinos e com certeza vou atrás dos outros. La Délicatesse foi escrito em 2011 e ganhou dez prêmios de literatura na França. O romance é sobre Nathalie e seu casamento perfeito com François. Um dia, ele saí para correr, é atropelado e morre. O mundo da jovem desaba e ela demora alguns meses para voltar ao trabalho. No retorno, tem que aguentar o chefe que não tem papas na língua e passa a assediá-la. Aos poucos, ela vai se aproximando de outro colega de trabalho, Markus, e aí sim tem vontade de sair com alguém após a morte de seu marido. O que os colegas de trabalho não entendem é como uma mulher bonita, jovem e inteligente está namorando o homem mais feio da empresa. Detalhes que Foenkinos nos faz descobrir através do livro e deixa claro que existem outras belezas pelas quais as mulheres se interessam. A trama é curiosa, e, por vezes, cômica. Existe um filme sobre o livro que tem o mesmo título e é estrelado por Audrey Tautou.

Outro livro que gostei muito foi La Tête de l'emploi. É um ótimo romance para dar boas risadas. A trama é entorno de Bernard, um homem de 50 anos que se separa e perde o emprego. Além disso, Alice, a única filha do casal, vai fazer intercâmbio em São Paulo, no Brasil. "Por que o Brasil? Nós não fazemos estágios no Brasil. É um país onde as mulheres bebem cocktails exibindo os seios. Onde passamos nosso tempo dançando e jogando futebol de pés descalços. É um país para passar as férias!". Infelizmente, a imagem do nosso país é motivo de piada no livro.
Após estar com a vida de cabeça para baixo, Bernard volta a morar na casa de seus pais que o tratam como uma criança no auge dos seus 50 anos. Uma criança que nunca foi amada ou mimada. Foenkinos aborda a falta de amor durante a infância e os erros que Bernard tenta não cometer com a sua própria filha. É um livro interessante, leve e divertido.


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