domingo, 10 de janeiro de 2016

Hotel de gelo em Québec (Hôtel de Glace)

Viajar durante o inverno no Hemisfério Norte para o Canadá é uma aventura e tanto. Um dos lugares imperdíveis para conhecer é o Hotel de Gelo, na cidade de Québec. Todos os anos, de janeiro até março, é possível visitar e inclusive se hospedar no hotel. Em 2016 ainda dá para programar uma visita, pois o estabelecimento fecha as portas somente no dia 28 de março. É bom chegar cedo, pois no ano passado durante os três meses de funcionamento do hotel, o local recebeu 120 mil visitantes, dos quais 5.700 passaram a noite por lá.
O hall principal, o bar, a capela, as 44 suítes são totalmente feitas de gelo. Completam essa estrutura um SPA e Sauna tradicionais. No dia em que fomos visitar estava fazendo -20°C em Québec e achamos que dentro do hotel ia ser menos frio já que a administração promete que as temperaturas não ficam abaixo dos -4°C lá dentro. Mas na verdade quase não notamos diferença da temperatura no interior dos quartos e na rua.
Para visitar o hotel é bom ir de carro, pois você fica livre pra voltar a hora que quiser. Existem shuttles que fazem o transporte até o hotel, que fica a 10 minutos do centro de Québec, mas se você for com mais pessoas talvez seja mais econômico alugar um carro mesmo.
Não fique com medo de passar muito frio, pois existe uma estrutura fechada, ao lado do hotel, onde você pode entrar, tomar um café e almoçar dentro de uma sala quentinha. É bom se aquecer de tempos em tempos, senão a experiência pode se tornar dolorosa. Existem várias opções de pacote para visitação, vocês podem conferir no site clicando neste link. A visita custa 18,25 $CAD para adultos e dá direito a passar o dia todo lá dentro. Para os corajosos que desejarem se hospedar, deverão desembolsar 269$CAD por pessoa, ou aproveitar a promoção de janeiro por 199$CAD. As camas são feitas de gelo, mas em cima delas é colocado um colchão e um cobertor bem grosso. É claro que não dá para acender um "foguinho" lá dentro, afinal as temperaturas devem ficar baixas mesmo para não correr o risco de tudo derreter.
Muitos quartos são desenhados por estudantes de arquitetura de Universidades quebequenses que concorrem a prêmios devido à originalidade das suítes. Vale a pena passar por todas para conferir as esculturas de gelo dentro de quase todos os quartos.
Ainda existe a possibilidade de fazer uma festa de casamento no hotel. O pacote mais barato para fazer a celebração lá dentro com 10 convidados é de 2.399$CAD. Certamente será uma experiência incrível, pois foge totalmente do padrão que vivenciamos no Brasil.
Além de tudo, ainda há a possibilidade de visitar o hotel através do tour virtual disponível neste link.
Coloco algumas fotos que fiz do hotel aqui neste post para vocês conferirem. Espero que gostem!







sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

Université de Montréal: desafios em estudar em outra língua

Terminado o primeiro semestre de aulas do mestrado posso escrever sobre os maiores desafios desta primeira etapa. Não quero assustar ninguém, mas de setembro à dezembro vivi para os estudos! Foi difícil, deu dor de cabeça, cansaço, estresse... mas no final, valeu a pena. O resultado das disciplinas provam isso. A sensação de alívio e de dever cumprido supera todos sentimentos anteriores.
Conforme mencionei no post anterior, fiz três disciplinas (mesmo que o indicado para estudantes internacionais no começo sejam duas). O mestrado em relações internacionais é multidisciplinar, podemos optar por disciplinas de política, economia, direito, sociologia, antropologia, criminologia, línguas, entre outras. Em algumas disciplinas, como a de criminologia que escolhi, tive colegas que tinham feito a graduação em criminologia portanto já tinham muitos conhecimentos sobre o assunto, enquanto eu não tinha nenhuma base. Tive de correr atrás para tentar ficar em sincronia com a turma. Felizmente os colegas foram solidários, auxiliando nas dificuldades, inclusive, o professor.
O que pude perceber é que não existe tratamento diferenciado por parte dos professores, eles tratam iguais estrangeiros, franceses e quebequenses que têm a vantagem de terem como língua materna a francesa. Eu não tive nenhuma prova até agora, mas em compensação realizei diversos trabalhos. Muitas pessoas me perguntam sobre a qualidade do francês nos trabalhos, e posso afirmar que os professores são bem exigentes quanto a isso, não dão colher de chá.
Eu recorri a duas estratégias para obter um resultado melhor. A primeira foi a compra do programa Antidote, um corretor maravilhoso de textos. Comprei o programa na loja da Universidade de Montreal e paguei em torno de 120 $ CAD. Ele pode ser usado em até três computadores, por isso dá para dividir com outros colegas. Até os francófonos utilizam o Antidote. Ainda que contasse com a ajuda do programa, enviei alguns trabalhos (os mais longos e com maior peso de nota) para um professor corrigir a gramática. Cabe ressaltar que mesmo utilizando o Antidote é necessário que alguém leia os textos, pois muitas coisas que fazem sentido para nós podem não fazer para eles. Para vocês terem ideia de preço, o professor que enviei os trabalhos cobrou 1,50 $ CAD por página.
A segunda estratégia foi a do planejamento e organização,  fundamentais nesse primeiro semestre. Usei uma agenda onde escrevia quantas páginas deveria ler por dia para cumprir os deveres, foram em torno de 300 páginas por semana. Muitas leituras, sendo que 70% dos textos eram em inglês.
Existem alguns professores que aceitam os trabalhos em inglês, mas é preciso conversar com eles e ver a possibilidade. Eu preferi fazer todos em francês (mesmo sendo mais difícil), pois decidi ir treinando para quando for realizar a dissertação de mestrado.
Nas apresentações dos trabalhos para toda a turma, os professores pegam mais leve quanto à qualidade do francês. Eles são pacientes, se você demora um pouco para falar e até ajudam se falta alguma palavra. São mais compreensíveis nesse tipo de trabalho do que nos escritos.
Outra coisa que muita gente me pergunta é a possibilidade de trabalhar enquanto estuda. Para mim teria sido quase impossível ter boas notas e trabalhar ao mesmo tempo. A única atividade que eu fazia fora da faculdade era o trabalho voluntário no CAF (Centre d'aide à la famille) uma vez por semana. Em dezembro, já perto do final do semestre, me inscrevi em uma academia. Até novembro conseguia dar uma corrida nos finais de semana ou uma volta de bicicleta, mas depois que a temperatura ficou abaixo dos 5°C, ficou bem difícil.
As aulas do semestre de inverno começaram nessa primeira semana de janeiro e terminam no final de abril. Depois tem o semestre de verão com ateliês de uma semana em junho e aulas o dia inteiro. Muitos optam por não fazê-los, pois preferem trabalhar nesse período onde a oferta é grande aqui em Montreal.

Como vocês podem ver, nem tudo são flores. No entanto, viver aqui é realmente maravilhoso, além da possibilidade de estudar na Université de Montréal (melhor Universidade de língua francesa do mundo segundo a Times Higher Education).  É preciso estar ciente de que vai precisar se empenhar muito para obter bons resultados. Abrir mão de finais de semana, de saídas, de encontro com amigos, de séries de TV, entre outros tipos de lazer e prazer, são alguns dos desafios. Não bastasse tudo isso, ainda há o fato de que estamos longe da família, deixando tudo um pouco mais difícil. A melhor forma de minimizar essa falta é fazer o que muitos fazem, como eu também fiz, vim na companhia do meu marido. Boa sorte!!!





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