domingo, 17 de agosto de 2014

Lendo Lolita em Teerã


Na capital do Irã, uma das cidades onde o islamismo predomina, um grupo de sete estudantes se reúne com uma professora, uma vez por semana, para discutir histórias e livros proibidos no Oriente. As jovens, que não têm esperanças de uma vida mais digna, somente a vontade de aprender muito, cumprem religiosamente os encontros. Cada semana, um novo livro e novas histórias que as fazem sonhar.
“Lendo Lolita em Teerã” foi escrito pela iraniana Azar Nafisi. A autora relata sua experiência de leitura com as alunas, que recebem nomes fictícios por segurança. A jovem professora de literatura apresenta, clandestinamente, livros de autores como Vladimir Nabokov, F. Scott Fitzgerald, Henry James e Jane Austen.
Além de uma grande aula de literatura, o livro revela detalhes da vida das mulheres islâmicas e os absurdos pelos quais elas passam. As penalizações, segundo a autora, amedrontam e submetem as iranianas a grandes humilhações. Elas não podem subir as escadas de escolas e universidades correndo, não podem rir nos corredores, não devem falar com homens, deixar alguma mecha do cabelo aparecer por trás da burca... uma série de proibições que limitam a vida das mulheres que seguem o islamismo. Através dos encontros na casa da autora, Azar deu esperança e motivou as jovens alunas a procurarem uma vida diferente. “Durante aquelas poucas horas preciosas, nos sentíamos livres para discutir os sofrimentos e alegrias”. As estudantes, que eram tímidas no início, passaram a dividir seus medos e angústias nos encontros. As jovens se identificavam nas histórias dos grandes autores do Ocidente e viam suas vidas em romances como Madame Bovary, Gatsby e até Lolita.
A partir da narrativa é possível perceber o sacrifício e a luta diária das mulheres no Irã. A falta de perspectiva as faz encontrar a chance de ser feliz, pelo menos através dos livros. 

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