Sônia Bridi foi para China como correspondente internacional da Globo. É casada com um cinegrafista, Paulo Zero, e juntos tem um filho. Os três e mais uma babá se mudaram para Pequim pra explorar, descobrir e contar histórias pro povo brasileiro. Mesmo sem falar mandarim, conseguiram se virar muito bem. O inglês foi essencial para conseguir se manter por lá. A jornalista destaca no livro ''Laowai'', significa estrangeiro em chinês, que o papel do correspondente é levar conhecimento do mundo aos brasileiros que não têm a oportunidade de conhecer outros países. E foi isso que eles fizeram durante três anos.
Sônia mostrou a realidade de um povo oprimido pela censura que não precisa de algum motivo forte para linchar alguém publicamente. Como quando o seu cabelereiro, um francês chamado Eric, estacionou o carro e bateu no pára-choque do carro da frente. O dono xingou, ele xingou de volta e quando percebeu estava no meio de uma multidão sendo espancado. Sônia conta que ficou bem quietinha quando um chinês bateu no seu carro.
Uma das coisas mais engraçadas, segundo a autora, foi aprender a conviver com os gases que os chineses soltavam o tempo todo, em qualquer lugar. O princípio da medicina chinesa é de que, se alguém tem alguma coisa incomodando dentro do organismo, essa coisa tem que ser expelida. Pigarro? Cospe. Gases? Solta, seja onde for. Sônia conta que quando entrevistava alguém era comum a pessoa arrotar e continuar falando numa boa, sem nem pedir desculpas. Mas isso não é nada perto dos voos domésticos em que as cadeiras são todas coladas umas nas outras e os puns são soltos com naturalidade.
Em vários restaurantes podemos encontrar no menu as propriedades curativas ou preventivas dos pratos. Novidade, pelo menos pra mim, é que os cogumelos previnem inflamações e tumores. Quem tem tosse deve comer pêra. Dor de garganta, melancia. A educação alimentar chinesa sempre associa alimentos a saúde.
O país comuista tem um bom planejamento e está se desenvolvendo de uma maneira assustadoramente rápida. Sônia revela de uma maneira descontraída e simples os segredos da culinária exótica, a beleza das cidades, a milenar cultura oriental, entre outros. A jornalista conta os episódios que viveu nos vizinhos, Japão, Tibete e Índia, onde entrevistou o Dalai Lama. É uma leitura leve e divertida que só fez aumentar a minha vontade de conhecer a China.
No final do livro uma citação que não poderia ser mais pertinente.
''Nada, acima de tudo, se compara a vida nova que uma pessoa que reflete experimenta quando observa uma terra desconhecida. Apesar de eu ser sempre eu mesmo, acredito que fui mudado até a medula dos meus ossos.'' Goethe [ Viagens à Itália ]
Caca, amei o comentario sobre o livro, fiquei com vontade de ler , e mais ainda visitar o Pais
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