quarta-feira, 15 de junho de 2016

Museus em Berlim

Quem me conhece sabe que adoro museus e sempre que viajo faço questão de visitar alguns. Acho que ao entrar em um museu sentimos a vibração da arte e da época vivida.
Em Berlim existem muitas opções, e foi bem difícil escolher quais museus visitar nos cinco dias que passei por lá. Fiz uma maratona e consegui ir a nove museus. Abaixo conto um pouco sobre cada um deles. 

Museu Histórico Alemão (Deutsches Historisches Museum)
A exposição permanente conta mais de 1500 anos de história da Alemanha. O segundo andar é dedicado às mudanças das fronteiras na Europa e como a Alemanha e a língua alemã foram modificadas com o passar do tempo. Seguindo a ordem cronológica, o museu expõe as publicações de Martinho Lutero em 1517 , bem como as reformas que propôs à Igreja tendo como consequências transformações políticas e religiosas para toda população. Um outro momento importante da história alemã destacado no museu é a fundação do Império Alemão, em 1871.   Movido pelo forte nacionalismo e uma expansão econômica muito grande, o império em 1914, foi levado à Primeira Guerra Mundial. O passeio pelo segundo andar termina com a derrota da Alemanha em 1918 e o colapso do Império Alemão. 
No primeiro andar a exposição começa com o período após a Primeira Guerra. Naquele momento, o povo alemão vivia na miséria e a taxa de desemprego era muito alta. Isto levou a uma radicalização política da população e o crescimento do NSDAP (Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães) como um partido político de massa. Em 1933, Adolf Hitler foi apontado como Chanceler do Reich, e os nazistas rapidamente estabeleceram uma ditadura totalitária que perseguiu e aniquilou os judeus, os oponentes políticos e outras pessoas que não eram de acordo com a ideologia racial dos nazistas. Assim foram se estabelecendo as condições para a deflagração  da Segunda Guerra Mundial que começou em 1939 com a invasão da Alemanha na Polônia. O fim do nazismo na Alemanha aconteceu em 1945 colocando um ponto final na Segunda Guerra que fez mais de 50 milhões de vítimas. O museu expõe também a divisão da Alemanha em quatro zonas e a construção do Muro após a Segunda Guerra. (Sobre esta questão  vou falar mais em outro post). 
É um museu imprescindível, pois conta a história da Alemanha desde o seu começo e não somente os últimos acontecimentos que são os mais conhecidos do público.
Endereço: Unter den Linden 2, 10117 Berlin - Dá para ir caminhando do Portão de Brandemburgo ou da ilha dos Museus que fica ao lado. É aberto todos os dias das 10h às 17h. O ingresso custa 8 euros e 4 para estudante. Mais informações aqui: https://www.dhm.de/en/ausstellungen/permanent-exhibition.html

Ilha dos Museus  (Museu Novo, Museu Antigo, Antiga Galeria Nacional, Bode Museu e Pergamon Museu)
Uma pequena ilha localizada bem perto da famosa torre de televisão de Berlin é conhecida como a Ilha dos Museus. São cinco museus importantes que ficam lá e também a Catedral de Berlim. O ticket que comprei para visitar todos os museus por três dias custa 19 euros (ou 9.50 para estudantes) e permite que o visitante vá em 60 museus. Ou seja, uma longa lista para escolher. O ticket pode ser adquirido em qualquer um dos museus da Ilha. Uma dica é usar o áudio-guia que é gratuito e está disponível nos museus da ilha, em várias línguas (menos em português). Esse é um recurso importante para melhor aproveitar a visitação.

Atles Museum (Museu Antigo ou Old Museum)
Atles Museum
Este museu foi construído entre 1823 e 1830 e sua arquitetura é impactante, parece que estamos na Grécia no período da Antiguidade. A exibição permanente é  uma coleção de antiguidades dos Gregos e Romanos. A arte romana é apresentada também através de retratos e esculturas de Cezar e Cleópatra.

Neues Museum (Novo Museu ou New Museum)
O Neues começou a ser construído em 1841. Ele sofreu muitos danos durante a Segunda Guerra e continuou em ruínas até 1999. Somente em 2009 o museu foi reaberto e expõe obras do Egito e da pré-história. O desenvolvimento das culturas da Eurásia no período Paleolítico até a Idade Média são retratados através de esculturas, papiros e pinturas. Um dos tesouros do museu é o busto de Nefertiti que foi uma esposa do faraó egípcio, Aquenáton. A obra feita de calcário tem cerca de 3.400 anos de idade e retrata a beleza de Nefertiti que impressiona a todos até hoje.
Alte Nationalgalerie
Alte Nationalgalerie (Galeria Nacional Antiga ou Old National Galery)
Inspirado na Acrópolis de Atenas, o belo edifício foi construído entre 1867 e 1876. Foi o meu museu preferido na ilha, pois expõe uma coleção de pinturas do século XIX, período entre a Revolução Francesa e a Primeira Guerra Mundial. Obras dos impressionistas Edouard Manet, Claude Monet, Auguste Renoir e Paul Cézanne enriquecem ainda mais o museu. 

Bode Museum
O nome engraçado do museu é uma homenagem ao seu primeiro curador,  Wilhelm von Bode, em 1956. A coleção expõe tesouros da arte bizantina (do século  III ao XV) de esculturas (da Idade média ao século XVIII) e uma coleção de moedas da antiguidade. Um museu interessante, mas o que tinha menos visitantes quando estava lá, por isso gostei ainda mais.

Pergamon Museum
Este é, com certeza, o museu mais famoso da ilha e de Berlim. Ele recebe mais de um milhão de visitantes por ano e por isso as filas de entrada são longas. Recomendo chegar cedo, pelo menos meia hora antes da abertura para garantir que não vai ter muita gente no momento da sua visita. O museu estará em reformas até 2025, por isso algumas salas estão fechadas para visitas. Mas mesmo assim, vale a pena visitar as outras áreas. 
O mais impressionante são as reconstruções arqueológicas do Altar Pergamon de Zeus (originalmente construído no século II , na região da Turquia) e o Portão do Mercado de Miletos (século II). A parte do museu dedicada à arte Islâmica está muito interessante, não  tinha visto nada parecido; as cerâmicas e pinturas são relíquias que contam a história da humanidade. 

Gemäldegalerie 
O museu, localizado fora da Ilha, tem uma das mais importantes coleções de pinturas europeias do século XII ao XVIII. Lá estão quadros de Raphael e Caravaggio entre outras. A maioria das obras são italianas e alemãs. É interessante passear com o áudio-guia, pois as principais obras são detalhadas por historiadores, fazendo uma grande diferença. Caminhando pelo parque Tiergarten, passando pela Orquestra Sinfônica você leva 20 minutos. O ticket para três dias de acesso livre à 60 museus é válido também para este. 

DDR Museum
Este com certeza foi o meu preferido. O museu é interativo e nos permite entender e ver como a Alemanha socialista funcionava. Eu já tinha visitado o memorial do Muro de Berlim e outros lugares que contavam a história de quando o país ficou dividido, mas nenhum mostrou em detalhe como as pessoas viviam, o que elas faziam, o que comiam, onde iam. Você pode ver, tocar e viver essa experiência da Alemanha oriental, no período de 1961 à 1989. Custa 9,50 euros (7,50 pela internet) para entrar e 6 euros para estudante. O museu fica ao lado da Ilha dos Museus, perto da Catedral de Berlim.

Judisches Museum (Museu Judaico)
O Museu Judaico de Berlim cobre mais de 2 mil anos de história dos judeus e a relação dos judeus com os alemães. É o maior museu judaico da Europa.  Ao contrário do que imaginei, eles não focam somente no período do nazismo, mas nos costumes, nas personalidades judaicas e como eles vivem até hoje. A situação mais chocante que vivenciei no museu é na entrada, onde o visitante passa pela exposição de objetos e cartas de pessoas que tentaram escapar dos nazistas e acabaram sendo pegas. É triste e muito intenso. No final,  passamos por  uma pequena sala escura com a Torre do Holocausto que recebe um pouco de luz no topo. Ideal para um momento de reflexão. Na verdade, por todo o museu existem lugares vazios que propiciam um tempo ao visitante pensar sobre o que acabou de ver ou ler. 

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